Financiamento Público de campanha: uma necessidade para moralizar o sistema e combater a corrupção!
Enquanto não houver financiamento público de campanha, praticamente
todas os atos na busca de apoio financeiro à campanha pelo candidato, sempre geram algum tipo de relação candidato e doador, algumas sadias
mas constrangedoras, e outras muito bem textualizada pelo pronunciamento do camarada
Henrique e transcrito no texto abaixo.
Fui candidato nas duas últimas eleições a prefeito de São
Borja-RS. Enfrentei de um lado a "financiarização"
das campanhas impostas pelos adversários e do outro, o constrangimento de “pedir
apoio financeiro” para financiar minha campanha.
Por estes dois motivos, mesmo que exista uma pressão, já adianto que não pretendo
ser candidato a cargo eletivo público, enquanto o sistema não mudar.
Henrique
Fontana defende reforma política no Grande Expediente
"Entre os
crimes detectados pela CPMI que investiga a organização chefiada por Carlos
Cachoeira está o financiamento ilegal de campanhas eleitorais, principalmente
do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do ex-senador cassado
Demóstenes Torres (ex-DEM).
Depoimentos
e áudios sobre transferência de recursos por meio de empresas fantasmas para
pagar por serviços eleitorais são algumas das provas já em poder do colegiado.
O escândalo faz ressurgir o debate sobre a adoção do financiamento público e
exclusivo de campanha, discutido há tempos na Câmara quando a pauta é a Reforma
Política.
Para o
relator do tema na Comissão Especial da Câmara, deputado Henrique Fontana
(PT-RS), mudar a forma de financiamento das campanhas no país é essencial para
fortalecer a luta contra a corrupção.
“O
escândalo Cachoeira é o exemplo perfeito dos prejuízos que o financiamento
privado pode trazer à democracia em nosso país. É claro que nem todo recurso
privado em uma campanha é movido por interesses escusos, mas esse modelo abre
as portas para que redes criminosas tentem influenciar o processo eleitoral e
obter ganhos ilícitos após as eleições”, explica.
Nesse
caso, segundo Fontana, esses “ganhos” podem ocorrer de várias formas. Tráfico
de influência, direcionamento de licitações ou superfaturamento de obras
públicas. Em todas elas sempre quem perde é a sociedade. “Às vezes escuto pessoas dizerem que é um absurdo destinar
recursos públicos para campanhas eleitorais. Concordo que devemos também
investir em saúde e educação, mas temos que reconhecer que é a população, entre
eles os contrários ao financiamento público, que acabam pagando a conta pelos
danos causados pelo financiamento privado”, aponta o relator.
Entre
esses prejuízos, segundo Fontana, está a elevação do valor pago por
serviços contratados pelos governos junto às empresas “doadoras” de recursos eleitorais.
“Nesses casos enriquece quem recebeu e quem doou. Em outros, pode ocorrer à
formação de um caixa de campanha para financiar candidatos ligados ao esquema
em futuras eleições”, denuncia.
Para
mudar esse quadro, o relator Henrique Fontana colocou o tema do financiamento
público em evidência no parecer final da Comissão. Para ele, “além de combater
futuros escândalos”, a mudança também “deverá reduzir o valor gasto nas
campanhas” contribuindo para tornar o debate ideológico e de projetos o objeto principal
da atenção da sociedade nas eleições. “A discussão sobre a credibilidade dos
pretendentes a cargos eletivos também deve se tornar mais visível”, destaca.
Principal
bandeira do Partido dos Trabalhadores na questão da Reforma Política, o
financiamento público é questionado por segmentos da sociedade e partidos
políticos. Para Fontana, alguns setores temem perder com a mudança. “A reforma
vai à raiz dos critérios pelos quais alguns partidos e políticos se viabilizam.
Por isso, grupos acostumados com esse sistema viciado não querem migrar para um
novo modelo com receio de perder poder e influência”, explica.
Apesar
dessa oposição, o relator vê com esperança a conscientização sobre a
necessidade do financiamento público. Fontana observa que cresce a cada dia o
número de eleitores, setores da sociedade e até partidos políticos, que
“enxergam a urgência dessa reforma”. “Acredito que após as eleições será
possível retomar esse debate na Câmara”, conclui.