quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
O P.I.G - Revista Veja frauda lista dos mais vendidos para esconder A Privataria Tucana
O livro A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr, está entre os dez mais vendidos em livrarias e sites de literatura. No entanto, na lista dos 20 mais vendidos da Veja, a publicação não aparece em nenhuma das posições
Segundo as livrarias Cultura, Publifolha e Saraiva, além do site especializado Publishnews,
o livro que divulga possíveis irregularidades cometidas por integrantes
do PSDB figura no 2º lugar entre os mais vendidos, na categoria
não-ficção, perdendo apenas para o livro Steve Jobs, de Walter Isaacson. A obra de Ribeiro Jr aparece em 10º no ranking anual da Fnac.
No lugar em que deveria aparecer A Privataria Tucana, a Veja destaca o Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, de Leandro Narloch. Nas outras listas, o livro de Narloch aparece apenas na 15ª posição.
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Isabela Vasconcelos
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
CPI da Privataria Tucana : Lista dos deputados que assinaram
O pedido da CPI da Privataria Tucana entregue no dia 21 último, pelo deputado
Protógenes Queiroz (PCdoB) a Marco Maia (PT), presidente da Câmara dos
Deputados, tinha 206 assinaturas.
Lista por partido
Quantos deputados estes partidos tem? Veja quantos assinaram:
PT 67
PMDB 18
PSB 18
PDT 17
PR 15
PCdoB 13
PSD 6
PP 6
DEM 5
PSDB 4
PTB 3
Psol 3
PPS 3
PSC 2
PRP 1
PV 1
PSL 1
PRB 1
por Conceição Lemes
Cinco assinaturas estavam repetidas e sete não
conferiam
Número final de assinaturas válidas: 185.
Eram necessárias, no mínimo, 171.
Na coletiva aos jornalistas, em Brasília, o deputado Marco Maia prometeu instalar a CPI da Privataria Tucana no próximo ano.
Lista por partido
Quantos deputados estes partidos tem? Veja quantos assinaram:
PT 67
PMDB 18
PSB 18
PDT 17
PR 15
PCdoB 13
PSD 6
PP 6
DEM 5
PSDB 4
PTB 3
Psol 3
PPS 3
PSC 2
PRP 1
PV 1
PSL 1
PRB 1
por Conceição Lemes
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Crise Global: O mundo já ingressou na segunda fase da crise.
Ela se atém à questão dos déficits orçamentários e da elevação da dívida pública. Ela finge não ver que a austeridade orçamentária, além da transferência, que a felicita, do peso da dívida para as classes populares, não pode senão provocar a recaída numa nova contração da atividade. Essa é a segunda fase da crise. Essa segunda fase não será a última. O novo mergulho na recessão necessitará novas políticas. A análise é do economista francês Gérard Duménil, em entrevista ao Jornal da Unicamp.
Jornal da Unicamp
Data: 20/12/2011
O economista francês Gérard Duménil é autor de vários livros e
ensaios
sobre o capitalismo contemporâneo. Este ano publicou, em parceria com
Dominique Lévy, o livro The crisis of neoliberalism (Harvard University
Press, 2011). Duménil esteve na Unicamp para uma palestra sobre a crise
atual no Centro de Estudos Marxistas (Cemarx) no âmbito do programa de
pós-graduação em ciência política do Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas (IFCH) da Unicamp.
Em entrevista ao Jornal da Unicamp, ele analisou o desenrolar da crise econômica internacional e advertiu: o mundo já ingressou na segunda fase da crise.
Jornal da Unicamp – Você vem pesquisando o capitalismo neoliberal há muito tempo. Na sua análise, como se deve caracterizar essa etapa atual do capitalismo?
Gérard Duménil – O neoliberalismo é a nova etapa na qual ingressou o capitalismo com a transição dos anos 70 e 80. Eu e Dominique Lévy falamos de uma nova “ordem social”. Com essa expressão nós designamos a configuração de poderes relativos de classes sociais, dominações e compromissos. O neoliberalismo se caracteriza, desse modo, pelo reforço do poder das classes capitalistas em aliança com a classe dos gerentes (classe des cadres) – sobretudo as cúpulas das hierarquias e dos setores financeiros.
No decorrer dos decênios posteriores à Segunda Guerra Mundial, as classes capitalistas viram o seu poder e suas rendas diminuírem sensivelmente na maior parte dos países. Simplificando, nós poderíamos falar numa ordem “social-democrata”. As circunstâncias criadas pela crise de1929, a Segunda Guerra
Mundial e a força internacional do movimento operário tinham conduzido ao
estabelecimento dessa ordem social relativamente favorável ao desenvolvimento
econômico e à melhoria das condições de vida das classes populares – operários
e empregados subalternos. O termo “social-democrata” para caracterizar essa
ordem social se aplicava, evidentemente, melhor à Europa que aos Estados
Unidos.
Com o estabelecimento da nova ordem social neoliberal, o funcionamento do capitalismo foi radicalmente transformado: uma nova disciplina foi imposta aos trabalhadores, em matéria de condições de trabalho, poder de compra, proteção social etc., além da desregulamentação (notadamente financeira), abertura das fronteiras comerciais e a livre mobilidade dos capitais no plano internacional – liberdade de investir no exterior. Esses dois últimos aspectos colocaram todos os trabalhadores do mundo numa situação de concorrência, quaisquer que sejam os níveis de salário comparativos nos diferentes países.
No plano das relações internacionais, os primeiros decênios do pós-guerra, ainda na antiga ordem “social democrata”, foram marcados por práticas imperialistas dos países dos países centrais: no plano econômico, pressão sobre os preços das matérias-primas e exportação de capitais; no plano político, corrupção, subversão e guerra. Com a chegada do neoliberalismo, as formas imperialistas foram renovadas. É difícil julgar em termos de intensidade, fazer comparação. Em termos econômicos, a explosão dos investimentos diretos no estrangeiro na década de 1990 certamente multiplicou o fluxo de lucros extraído dos países periféricos pelas classes capitalistas do centro. O fato de os países da periferia desejarem receber esses investimentos não muda nada a natureza imperialista dessas práticas – sabe-se que todos os trabalhadores “desejam” ser explorados a ficar desempregados.
Quando em meados dos anos 90, nós introduzimos essa interpretação do neoliberalismo em termos de classe, ela suscitou pouco interesse. Mas a explosão das desigualdades sociais deu a essa interpretação a força da evidência. A particularidade da análise marxista é a referência às classes mais que a grupos sociais. Esse caráter de classe está inscrito em todas as práticas neoliberais e inclusive os keynesianos de esquerda se exprimem, agora, nesses termos. Uma recusa a essa interpretação, no entanto, ainda se mantém; muitos não aceitam o papel importante que atribuímos aos gerentes (cadres) na ordem social neoliberal.
Entre os marxistas, continua-se a recusar que o controle dos meios de produção no capitalismo moderno é assegurado conjuntamente pelas classes capitalistas e pela classe dos gerentes (classe de cadres), o que faz dessa última uma segunda componente das classes superiores. Essa recusa é ainda mais desconcertante quando se tem em mente que as rendas das categorias superiores dos gerentes (cadres) no neoliberalismo explodiram ainda mais que as rendas dos capitalistas.
JU – Para alguns autores, o neoliberalismo foi um ajuste inevitável provocado pela crise fiscal do Estado; para outros foi o resultado, também inevitável, da globalização.
Gérard Duménil – A explicação do neoliberalismo pela “crise fiscal” e frequentemente também pela inflação é a explicação da direita; é uma defesa dos interesses capitalistas. Ela especula com as inconsequências dos blocos políticos que dirigiam a ordem social do pós-guerra. Esses foram incapazes de gerir a crise dos anos 70 e preparam a cama para o neoliberalismo. Passa-se o mesmo com a explicação que apresenta o neoliberalismo como consequência da globalização. Esse argumento inverte as causalidades. O que o neoliberalismo faz é orientar a globalização, uma tendência antiga, para novas direções e acelerar o seu curso, abrindo a via para a “globalização neoliberal”. O movimento altermundialista lutou por uma outra globalização, solidária, e não baseada na exploração em proveito de uma minoria.
JU – Você acaba de publicar, juntamente com o seu colega Dominique Lévy, um livro sobre a crise econômica atual. Na sua avaliação, qual é a natureza dessa crise?
Gérard Duménil – A crise atual é uma das quatro grandes crises – crises estruturais – que o capitalismo atravessou desde o final do século XIX: a crise da década de1890, a
crise de 1929, a
crise da década de 1970 e a crise atual – iniciada em 2007/2008. Essas crises
são episódios de perturbação de uma duração de cerca de uma dezena de anos
(para as três primeiras). Elas ocorrem com uma periodicidade de cerca de 40
anos e separam as ordens sociais que evoquei na resposta à primeira pergunta. A
primeira e a terceira dessas crises, as das décadas de 1890 e de 1970,
seguiram-se a fases de queda da taxa de lucro e podem ser designadas como
crises de rentabilidade. As duas outras crises, a de 1929 e a atual, nós as
designamos como “crises de hegemonia financeira”. São grandes explosões que
ocorrem na sequência de práticas das classes superiores visando ao aumento de
suas rendas e de seus poderes. Todos os procedimentos do neoliberalismo estão
aqui em ação: desregulamentação financeira e globalização. O primeiro aspecto é
evidente, mas a globalização foi também, como vou indicar, um fator chave da
crise atual.
Queda da taxa de lucro e explosão descontrolada das práticas das classes capitalistas são dois grandes tipos de explicação das grandes crises na obra de Marx. O primeiro tipo é bem conhecido. No Livro III de O Capital, Marx defende a tese da existência de uma “tendência decrescente da taxa de lucro” inerente ao caráter da mudança tecnológica no capitalismo (a dificuldade de aumentar a produtividade do trabalho sem realizar investimentos muito custosos, o que Marx descreve como a “elevação da composição orgânica do capital”).
Note-se que Marx refuta explicitamente a imputação da queda da taxa de lucro ao aumento da concorrência. (O segundo grande tipo de explicação para as crises já aparece em esboço nos escritos de Marx da década de 1840.) No Manifesto do Partido Comunista, Marx descreve as classes capitalistas como aprendizes de feiticeiros, desenvolvendo mecanismos capitalistas sob formas e em graus perigosos e perdendo, finalmente, o controle sobre as consequências de sua ação. Os aspectos financeiros da crise atual remetem diretamente às análises do “capital fictício”, aos quais Marx consagrou longos desenvolvimentos no Livro II de O Capital, desenvolvimentos que ecoam as ideias do Manifesto. De uma maneira bem estranha, alguns marxistas só aceitam a explicação das grandes crises pela queda da rentabilidade, excluindo qualquer outra explicação, e passam a multiplicar cálculos mal fundamentados.
Mas a crise atual não é uma simples crise financeira. É a crise de uma ordem social insustentável, o neoliberalismo. Essa crise, no centro do sistema, deveria acontecer, de qualquer modo, um dia ou outro, mas ele chegou de uma maneira bem particular em 2007/2008, vinda dos Estados Unidos. Dois tipos de mecanismos convergiram. Encontramos, de uma parte, a fragilidade induzida em todos os países neoliberais pelas práticas de financeirização e de globalização (notadamente financeira), motivada pela busca desenfreada de rendimentos crescentes por parte das classes superiores, reforçada pela recusa de regulamentação. O banco central dos EUA, em particular, perdeu o controle das taxas de juros e a capacidade de conduzir políticas macroeconômicas em decorrência da globalização financeira. De outra parte, a crise foi o efeito da trajetória econômica estadunidense, uma trajetória de desequilíbrios cumulativos, que os EUA puderam manter devido à sua hegemonia internacional – contrariamente à Europa que, considerada no seu conjunto, não conheceu tais desequilíbrios.
Desde 1980, o ritmo da acumulação de capital nos Estados Unidos desacelerou no território do próprio país enquanto cresciam os investimentos diretos no exterior. A isso é necessário acrescentar: um déficit crescente do comércio exterior, uma grande elevação do consumo (da parte das camadas mais favorecidas) e um endividamento igualmente crescente das famílias. O déficit de comércio exterior (o excesso de importações frente às exportações) alimentava um fluxo de dólares para o resto do mundo que tinha como única utilização a compra de títulos estadunidenses, levando ao financiamento da economia daquele país pelos estrangeiros – uma “dívida” vis-à-vis o estrangeiro, simplificando um pouco.
Por razões econômicas que eu não explicarei aqui, o crescimento dessa dívida exterior devia ser compensado por aquele da dívida interna, a das famílias e a do Estado, a fim de sustentar a atividade no território do país. Isso foi feito encorajando o endividamento das famílias pela política de crédito e pela desregulamentação – a dívida do governo teria podido substituir o endividamento das famílias mas isso ia contra as práticas neoliberais de antes da crise. Os credores das famílias (bancos e outros) não conservavam os créditos criados, mas os revendiam sob a forma de títulos (obrigações), cuja metade, mais ou menos, foi comprada pelo resto do mundo.
De tanto emprestar às famílias para além da capacidade delas saldarem as dívidas, as inadimplências se multiplicaram desde o início do ano de2006. A desvalorização
desses créditos desestabilizou o frágil edifício financeiro, nos EUA e no
mundo, sem que o banco central dos Estados Unidos estivesse em condição de
restabelecer os equilíbrios no contexto de desregulamentação e de globalização
que ele próprio tinha favorecido. Esse foi o fator desencadeador, mas não o
fundamental, da crise – combinação de fatores financeiros (a loucura neoliberal
nesse domínio) e reais (a globalização, o sobre-consumo estadunidense e o
déficit do comércio exterior desse país).
JU – Você falou em suas palestras no Brasil que a crise econômica teria entrado numa segunda fase. Como a crise vem se desenvolvendo?
Gérard Duménil – O mundo já ingressou na segunda fase da crise. É fácil compreender as razões. A primeira fase atingiu o pico no outono de 2008, quando caíram as grandes instituições financeiras estadunidenses, quando começou a recessão e quando a crise se propagou para o resto do mundo. As lições da crise de 1929 foram bem aprendidas. Os bancos centrais intervieram massivamente para sustentar as instituições financeiras (com medo de uma repetição da crise bancária de 1932) e os déficits orçamentários dos Estados atingiram níveis excepcionais. Mas essas medidas keynesianas, estimulando a demanda, só podiam ter por efeito uma sustentação temporária da atividade.
Os governos dos países do centro ainda não tomaram consciência do caráter estrutural da crise. Eles agem como se a crise tivesse sido puramente financeira, já ultrapassada; entretanto, as medidas keynesianas só criaram um sursis. Nenhuma medida antineoliberal séria foi tomada nos países do centro. São apenas políticas que visam o reforço da exploração das classes populares.
Nos Estados Unidos, a administração de Barak Obama elaborou uma lei, a lei Dodd-Frank, para regulamentar as práticas financeiras, mas os republicanos bloquearam completamente a aplicação. Em outras esferas, como gestão das empresas, exportação, déficits do comércio exterior, nada foi feito. Na Europa, a crise não é identificada como a crise do neoliberalismo. A Alemanha é apresentada como tendo provado a sustentabilidade do caminho neoliberal. A crise é imputada à incapacidade de gestão de certos Estados, notadamente a Grécia e Portugal.
Em toda parte, a direita retomou a ofensiva. Ela se atém à questão dos déficits orçamentários e da elevação da dívida pública. Ela finge não ver que a austeridade orçamentária, além da transferência, que a felicita, do peso da dívida para as classes populares, não pode senão provocar a recaída numa nova contração da atividade. Essa é a segunda fase da crise. Essa segunda fase não será a última. O novo mergulho na recessão necessitará novas políticas. Contrariamente à Europa, os Estados Unidos se lançaram massivamente no financiamento direto da dívida pública pelo banco central (o quantitative easing). Muito mais coisa será necessária, apesar da direita. Nós temos dificuldade em ver como a Europa poderá escapar disso.
JU – É sabido que a crise econômica atingiu mais fortemente, pelo menos até agora, os EUA e a Europa. Na década de 1990, ao contrário, as crises econômicas foram mais fortes na periferia. Por que essa diferença? Como a crise atual se manifesta nas diferentes regiões do globo?
Gérard Duménil – Até a segunda metade da década de 1990, o neoliberalismo produziu estragos no mundo, notadamente na América Latina e na Ásia. Mesmo hoje, as taxas de crescimento na América Latina permanecem inferiores àquelas dos primeiros decênios do pós-Segunda Guerra Mundial, e isso a despeito da redução massiva dos salários reais – que foi reduzido à metade desde a crise de 1970 em alguns países da região. Na década de 1990 – e em 2001 na Argentina – os avanços do neoliberalismo provocaram grandes crises, das quais a crise argentina é um caso emblemático.
O mundo entrou, agora, numa fase nova. A transição para o neoliberalismo provoca um tipo de “divórcio”, nos países do centro, entre os interesses das classes superiores e os do país como território econômico. O caso dos Estados Unidos é espetacular. Como eu disse, as grandes empresas desse país investem cada vez menos no território do país e, cada vez mais, no resto do mundo. A globalização levou a um deslocamento da localização da produção industrial para as periferias: na Ásia, na América Latina e, inclusive, em alguns países da África sub-saariana.
JU – As políticas propostas pelos dois grandes da União Europeia para superar a crise têm repetido as fórmulas neoliberais. Os mercados intimidam os governos; Sarkozy e Merkel exigem mais e mais cortes orçamentários. Por que insistem em uma política que, para muitos observadores, está na origem da crise? Que resultado a aplicação de tais políticas poderá produzir?
Gérard Duménil – Eu não penso de jeito nenhum que o rigor orçamentário tenha sido uma das causas da crise. Isso é a expressão de uma crença keynesiana ingênua, tão ingênua quanto à crença na capacidade dessas políticas de suscitar a saída da crise, dispensando as necessárias transformações antineoliberais. Porém, nesse contexto, as políticas que visam erradicar os déficits não deixarão de provocar uma nova queda da produção.
JU – Muitos analistas têm destacado que os partidos, sejam eles de direita ou de esquerda, não se diferenciam muito nas propostas para enfrentar a crise. Ademais, em vários países europeus, como a Inglaterra, a Espanha e Portugal, a direita foi eleitoralmente favorecida pela crise econômica. Os movimentos sociais poderiam construir uma alternativa de poder? Qual poderia ser um programa popular para enfrentar a crise atual?
Gérard Duménil – Nós não falamos dos aspectos políticos do neoliberalismo. A aliança na cúpula das hierarquias sociais entre classes capitalistas e classes dos gerentes (classes de cadres) logrou, por diversos mecanismos, afastar as classes populares da política “politiqueira”. Quero dizer: as afastou dos jogos dos partidos e dos grupos de pressão. Para as classes populares, só restou a (luta de) rua.
É preciso fazer entrar em cena grupos sociais que se encontram na “periferia” das classes dos gerentes (classes de cadres): os intelectuais e os políticos profissionais. No compromisso social dos pós-Segunda Guerra, frações relativamente importantes desses grupos eram partidárias da aliança com as classes populares (às quais elas não pertenciam), que elas apoiavam nos seus campos próprios de atuação.
No contexto do colapso do movimento operário mundial, as classes capitalistas lograram, no neoliberalismo, a selar uma aliança com as classes dos gerentes – usando o recurso da remuneração, notadamente – conduzindo gradualmente esses grupos periféricos (a universidade fornece muitas ilustrações sobre esse fenômeno) no empreendimento de conquista social do neoliberalismo. A proporção de grupos sociais motivados para uma aliança com as classes populares estreitou-se consideravelmente, ficando reduzida a alguns grupos “iluminados” aos quais eu próprio pertenço.
O sofrimento das classes populares não chega ao grupo dos gerentes e, no plano político, não há mais nenhum grande partido de esquerda. Na França, sabe-se no que se tornou o Partido Socialista, completamente ganho pela “globalização”, um termo para ocultar o neoliberalismo. Algo semelhante poderíamos dizer dos democratas nos Estados Unidos e eu deixo para vocês mesmos julgarem a situação do Brasil a esse respeito.
A vida política – politiqueira – se reduz à alternância entre dois partidos não equivalentes; mas o partido que se diz de esquerda é incapaz de propor uma alternativa, para não falar da sua implementação. O voto se reduz àquilo que nós chamamos na França o “voto sanção”. A direita sucede a esquerda na Espanha, por exemplo, porque a esquerda estava no poder durante a crise; a direita não tem, evidentemente, nenhuma capacidade superior para gerir a crise.
JU – Muitos observadores têm falado da possibilidade de extinção do euro. Você acredita que isso poderá ocorrer? Na sua avaliação, quais seriam os desfechos mais prováveis para a crise atual?
Gérard Duménil – É possível que alguns países saiam da zona do euro. Isso não resolveria o problema da dívida deles, que se tornaria ainda impagável depois da desvalorização da nova moeda substituta do euro. O problema é o do cancelamento da dívida ou de sua adoção pelo banco central. A crise da dívida atingiu agora os países do centro da Europa, e será necessário que esses países tomem consciência da amplitude e da verdadeira natureza do problema.
Isso remete às características daquilo que nós chamamos a “terceira fase da crise”. Quais políticas serão adotadas face à nova recessão? Como será gerida a crise na Itália e, depois, na França? Como a Alemanha responderá à pressão dos “mercados” (as instituições financeiras internacionais)? Uma coisa é certa: essas dívidas não devem ser pagas, o que exige a transferência delas para fora dos bancos ou uma forte intervenção na sua gestão.
Agora, o ponto fundamental é a vontade dos governos dos países mais poderosos da Europa, notadamente a Alemanha, de reforçar a integração europeia (em vez de estourar a zona do euro), que se opõe à vontade de “desglobalização” de alguns. Esse debate oculta a questão central: qual Europa? Uma Europa das classes superiores ou a de um novo compromisso de esquerda?
sobre o capitalismo contemporâneo. Este ano publicou, em parceria com
Dominique Lévy, o livro The crisis of neoliberalism (Harvard University
Press, 2011). Duménil esteve na Unicamp para uma palestra sobre a crise
atual no Centro de Estudos Marxistas (Cemarx) no âmbito do programa de
pós-graduação em ciência política do Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas (IFCH) da Unicamp.
Em entrevista ao Jornal da Unicamp, ele analisou o desenrolar da crise econômica internacional e advertiu: o mundo já ingressou na segunda fase da crise.
Jornal da Unicamp – Você vem pesquisando o capitalismo neoliberal há muito tempo. Na sua análise, como se deve caracterizar essa etapa atual do capitalismo?
Gérard Duménil – O neoliberalismo é a nova etapa na qual ingressou o capitalismo com a transição dos anos 70 e 80. Eu e Dominique Lévy falamos de uma nova “ordem social”. Com essa expressão nós designamos a configuração de poderes relativos de classes sociais, dominações e compromissos. O neoliberalismo se caracteriza, desse modo, pelo reforço do poder das classes capitalistas em aliança com a classe dos gerentes (classe des cadres) – sobretudo as cúpulas das hierarquias e dos setores financeiros.
No decorrer dos decênios posteriores à Segunda Guerra Mundial, as classes capitalistas viram o seu poder e suas rendas diminuírem sensivelmente na maior parte dos países. Simplificando, nós poderíamos falar numa ordem “social-democrata”. As circunstâncias criadas pela crise de
Com o estabelecimento da nova ordem social neoliberal, o funcionamento do capitalismo foi radicalmente transformado: uma nova disciplina foi imposta aos trabalhadores, em matéria de condições de trabalho, poder de compra, proteção social etc., além da desregulamentação (notadamente financeira), abertura das fronteiras comerciais e a livre mobilidade dos capitais no plano internacional – liberdade de investir no exterior. Esses dois últimos aspectos colocaram todos os trabalhadores do mundo numa situação de concorrência, quaisquer que sejam os níveis de salário comparativos nos diferentes países.
No plano das relações internacionais, os primeiros decênios do pós-guerra, ainda na antiga ordem “social democrata”, foram marcados por práticas imperialistas dos países dos países centrais: no plano econômico, pressão sobre os preços das matérias-primas e exportação de capitais; no plano político, corrupção, subversão e guerra. Com a chegada do neoliberalismo, as formas imperialistas foram renovadas. É difícil julgar em termos de intensidade, fazer comparação. Em termos econômicos, a explosão dos investimentos diretos no estrangeiro na década de 1990 certamente multiplicou o fluxo de lucros extraído dos países periféricos pelas classes capitalistas do centro. O fato de os países da periferia desejarem receber esses investimentos não muda nada a natureza imperialista dessas práticas – sabe-se que todos os trabalhadores “desejam” ser explorados a ficar desempregados.
Quando em meados dos anos 90, nós introduzimos essa interpretação do neoliberalismo em termos de classe, ela suscitou pouco interesse. Mas a explosão das desigualdades sociais deu a essa interpretação a força da evidência. A particularidade da análise marxista é a referência às classes mais que a grupos sociais. Esse caráter de classe está inscrito em todas as práticas neoliberais e inclusive os keynesianos de esquerda se exprimem, agora, nesses termos. Uma recusa a essa interpretação, no entanto, ainda se mantém; muitos não aceitam o papel importante que atribuímos aos gerentes (cadres) na ordem social neoliberal.
Entre os marxistas, continua-se a recusar que o controle dos meios de produção no capitalismo moderno é assegurado conjuntamente pelas classes capitalistas e pela classe dos gerentes (classe de cadres), o que faz dessa última uma segunda componente das classes superiores. Essa recusa é ainda mais desconcertante quando se tem em mente que as rendas das categorias superiores dos gerentes (cadres) no neoliberalismo explodiram ainda mais que as rendas dos capitalistas.
JU – Para alguns autores, o neoliberalismo foi um ajuste inevitável provocado pela crise fiscal do Estado; para outros foi o resultado, também inevitável, da globalização.
Gérard Duménil – A explicação do neoliberalismo pela “crise fiscal” e frequentemente também pela inflação é a explicação da direita; é uma defesa dos interesses capitalistas. Ela especula com as inconsequências dos blocos políticos que dirigiam a ordem social do pós-guerra. Esses foram incapazes de gerir a crise dos anos 70 e preparam a cama para o neoliberalismo. Passa-se o mesmo com a explicação que apresenta o neoliberalismo como consequência da globalização. Esse argumento inverte as causalidades. O que o neoliberalismo faz é orientar a globalização, uma tendência antiga, para novas direções e acelerar o seu curso, abrindo a via para a “globalização neoliberal”. O movimento altermundialista lutou por uma outra globalização, solidária, e não baseada na exploração em proveito de uma minoria.
JU – Você acaba de publicar, juntamente com o seu colega Dominique Lévy, um livro sobre a crise econômica atual. Na sua avaliação, qual é a natureza dessa crise?
Gérard Duménil – A crise atual é uma das quatro grandes crises – crises estruturais – que o capitalismo atravessou desde o final do século XIX: a crise da década de
Queda da taxa de lucro e explosão descontrolada das práticas das classes capitalistas são dois grandes tipos de explicação das grandes crises na obra de Marx. O primeiro tipo é bem conhecido. No Livro III de O Capital, Marx defende a tese da existência de uma “tendência decrescente da taxa de lucro” inerente ao caráter da mudança tecnológica no capitalismo (a dificuldade de aumentar a produtividade do trabalho sem realizar investimentos muito custosos, o que Marx descreve como a “elevação da composição orgânica do capital”).
Note-se que Marx refuta explicitamente a imputação da queda da taxa de lucro ao aumento da concorrência. (O segundo grande tipo de explicação para as crises já aparece em esboço nos escritos de Marx da década de 1840.) No Manifesto do Partido Comunista, Marx descreve as classes capitalistas como aprendizes de feiticeiros, desenvolvendo mecanismos capitalistas sob formas e em graus perigosos e perdendo, finalmente, o controle sobre as consequências de sua ação. Os aspectos financeiros da crise atual remetem diretamente às análises do “capital fictício”, aos quais Marx consagrou longos desenvolvimentos no Livro II de O Capital, desenvolvimentos que ecoam as ideias do Manifesto. De uma maneira bem estranha, alguns marxistas só aceitam a explicação das grandes crises pela queda da rentabilidade, excluindo qualquer outra explicação, e passam a multiplicar cálculos mal fundamentados.
Mas a crise atual não é uma simples crise financeira. É a crise de uma ordem social insustentável, o neoliberalismo. Essa crise, no centro do sistema, deveria acontecer, de qualquer modo, um dia ou outro, mas ele chegou de uma maneira bem particular em 2007/2008, vinda dos Estados Unidos. Dois tipos de mecanismos convergiram. Encontramos, de uma parte, a fragilidade induzida em todos os países neoliberais pelas práticas de financeirização e de globalização (notadamente financeira), motivada pela busca desenfreada de rendimentos crescentes por parte das classes superiores, reforçada pela recusa de regulamentação. O banco central dos EUA, em particular, perdeu o controle das taxas de juros e a capacidade de conduzir políticas macroeconômicas em decorrência da globalização financeira. De outra parte, a crise foi o efeito da trajetória econômica estadunidense, uma trajetória de desequilíbrios cumulativos, que os EUA puderam manter devido à sua hegemonia internacional – contrariamente à Europa que, considerada no seu conjunto, não conheceu tais desequilíbrios.
Desde 1980, o ritmo da acumulação de capital nos Estados Unidos desacelerou no território do próprio país enquanto cresciam os investimentos diretos no exterior. A isso é necessário acrescentar: um déficit crescente do comércio exterior, uma grande elevação do consumo (da parte das camadas mais favorecidas) e um endividamento igualmente crescente das famílias. O déficit de comércio exterior (o excesso de importações frente às exportações) alimentava um fluxo de dólares para o resto do mundo que tinha como única utilização a compra de títulos estadunidenses, levando ao financiamento da economia daquele país pelos estrangeiros – uma “dívida” vis-à-vis o estrangeiro, simplificando um pouco.
Por razões econômicas que eu não explicarei aqui, o crescimento dessa dívida exterior devia ser compensado por aquele da dívida interna, a das famílias e a do Estado, a fim de sustentar a atividade no território do país. Isso foi feito encorajando o endividamento das famílias pela política de crédito e pela desregulamentação – a dívida do governo teria podido substituir o endividamento das famílias mas isso ia contra as práticas neoliberais de antes da crise. Os credores das famílias (bancos e outros) não conservavam os créditos criados, mas os revendiam sob a forma de títulos (obrigações), cuja metade, mais ou menos, foi comprada pelo resto do mundo.
De tanto emprestar às famílias para além da capacidade delas saldarem as dívidas, as inadimplências se multiplicaram desde o início do ano de
JU – Você falou em suas palestras no Brasil que a crise econômica teria entrado numa segunda fase. Como a crise vem se desenvolvendo?
Gérard Duménil – O mundo já ingressou na segunda fase da crise. É fácil compreender as razões. A primeira fase atingiu o pico no outono de 2008, quando caíram as grandes instituições financeiras estadunidenses, quando começou a recessão e quando a crise se propagou para o resto do mundo. As lições da crise de 1929 foram bem aprendidas. Os bancos centrais intervieram massivamente para sustentar as instituições financeiras (com medo de uma repetição da crise bancária de 1932) e os déficits orçamentários dos Estados atingiram níveis excepcionais. Mas essas medidas keynesianas, estimulando a demanda, só podiam ter por efeito uma sustentação temporária da atividade.
Os governos dos países do centro ainda não tomaram consciência do caráter estrutural da crise. Eles agem como se a crise tivesse sido puramente financeira, já ultrapassada; entretanto, as medidas keynesianas só criaram um sursis. Nenhuma medida antineoliberal séria foi tomada nos países do centro. São apenas políticas que visam o reforço da exploração das classes populares.
Nos Estados Unidos, a administração de Barak Obama elaborou uma lei, a lei Dodd-Frank, para regulamentar as práticas financeiras, mas os republicanos bloquearam completamente a aplicação. Em outras esferas, como gestão das empresas, exportação, déficits do comércio exterior, nada foi feito. Na Europa, a crise não é identificada como a crise do neoliberalismo. A Alemanha é apresentada como tendo provado a sustentabilidade do caminho neoliberal. A crise é imputada à incapacidade de gestão de certos Estados, notadamente a Grécia e Portugal.
Em toda parte, a direita retomou a ofensiva. Ela se atém à questão dos déficits orçamentários e da elevação da dívida pública. Ela finge não ver que a austeridade orçamentária, além da transferência, que a felicita, do peso da dívida para as classes populares, não pode senão provocar a recaída numa nova contração da atividade. Essa é a segunda fase da crise. Essa segunda fase não será a última. O novo mergulho na recessão necessitará novas políticas. Contrariamente à Europa, os Estados Unidos se lançaram massivamente no financiamento direto da dívida pública pelo banco central (o quantitative easing). Muito mais coisa será necessária, apesar da direita. Nós temos dificuldade em ver como a Europa poderá escapar disso.
JU – É sabido que a crise econômica atingiu mais fortemente, pelo menos até agora, os EUA e a Europa. Na década de 1990, ao contrário, as crises econômicas foram mais fortes na periferia. Por que essa diferença? Como a crise atual se manifesta nas diferentes regiões do globo?
Gérard Duménil – Até a segunda metade da década de 1990, o neoliberalismo produziu estragos no mundo, notadamente na América Latina e na Ásia. Mesmo hoje, as taxas de crescimento na América Latina permanecem inferiores àquelas dos primeiros decênios do pós-Segunda Guerra Mundial, e isso a despeito da redução massiva dos salários reais – que foi reduzido à metade desde a crise de 1970 em alguns países da região. Na década de 1990 – e em 2001 na Argentina – os avanços do neoliberalismo provocaram grandes crises, das quais a crise argentina é um caso emblemático.
O mundo entrou, agora, numa fase nova. A transição para o neoliberalismo provoca um tipo de “divórcio”, nos países do centro, entre os interesses das classes superiores e os do país como território econômico. O caso dos Estados Unidos é espetacular. Como eu disse, as grandes empresas desse país investem cada vez menos no território do país e, cada vez mais, no resto do mundo. A globalização levou a um deslocamento da localização da produção industrial para as periferias: na Ásia, na América Latina e, inclusive, em alguns países da África sub-saariana.
JU – As políticas propostas pelos dois grandes da União Europeia para superar a crise têm repetido as fórmulas neoliberais. Os mercados intimidam os governos; Sarkozy e Merkel exigem mais e mais cortes orçamentários. Por que insistem em uma política que, para muitos observadores, está na origem da crise? Que resultado a aplicação de tais políticas poderá produzir?
Gérard Duménil – Eu não penso de jeito nenhum que o rigor orçamentário tenha sido uma das causas da crise. Isso é a expressão de uma crença keynesiana ingênua, tão ingênua quanto à crença na capacidade dessas políticas de suscitar a saída da crise, dispensando as necessárias transformações antineoliberais. Porém, nesse contexto, as políticas que visam erradicar os déficits não deixarão de provocar uma nova queda da produção.
JU – Muitos analistas têm destacado que os partidos, sejam eles de direita ou de esquerda, não se diferenciam muito nas propostas para enfrentar a crise. Ademais, em vários países europeus, como a Inglaterra, a Espanha e Portugal, a direita foi eleitoralmente favorecida pela crise econômica. Os movimentos sociais poderiam construir uma alternativa de poder? Qual poderia ser um programa popular para enfrentar a crise atual?
Gérard Duménil – Nós não falamos dos aspectos políticos do neoliberalismo. A aliança na cúpula das hierarquias sociais entre classes capitalistas e classes dos gerentes (classes de cadres) logrou, por diversos mecanismos, afastar as classes populares da política “politiqueira”. Quero dizer: as afastou dos jogos dos partidos e dos grupos de pressão. Para as classes populares, só restou a (luta de) rua.
É preciso fazer entrar em cena grupos sociais que se encontram na “periferia” das classes dos gerentes (classes de cadres): os intelectuais e os políticos profissionais. No compromisso social dos pós-Segunda Guerra, frações relativamente importantes desses grupos eram partidárias da aliança com as classes populares (às quais elas não pertenciam), que elas apoiavam nos seus campos próprios de atuação.
No contexto do colapso do movimento operário mundial, as classes capitalistas lograram, no neoliberalismo, a selar uma aliança com as classes dos gerentes – usando o recurso da remuneração, notadamente – conduzindo gradualmente esses grupos periféricos (a universidade fornece muitas ilustrações sobre esse fenômeno) no empreendimento de conquista social do neoliberalismo. A proporção de grupos sociais motivados para uma aliança com as classes populares estreitou-se consideravelmente, ficando reduzida a alguns grupos “iluminados” aos quais eu próprio pertenço.
O sofrimento das classes populares não chega ao grupo dos gerentes e, no plano político, não há mais nenhum grande partido de esquerda. Na França, sabe-se no que se tornou o Partido Socialista, completamente ganho pela “globalização”, um termo para ocultar o neoliberalismo. Algo semelhante poderíamos dizer dos democratas nos Estados Unidos e eu deixo para vocês mesmos julgarem a situação do Brasil a esse respeito.
A vida política – politiqueira – se reduz à alternância entre dois partidos não equivalentes; mas o partido que se diz de esquerda é incapaz de propor uma alternativa, para não falar da sua implementação. O voto se reduz àquilo que nós chamamos na França o “voto sanção”. A direita sucede a esquerda na Espanha, por exemplo, porque a esquerda estava no poder durante a crise; a direita não tem, evidentemente, nenhuma capacidade superior para gerir a crise.
JU – Muitos observadores têm falado da possibilidade de extinção do euro. Você acredita que isso poderá ocorrer? Na sua avaliação, quais seriam os desfechos mais prováveis para a crise atual?
Gérard Duménil – É possível que alguns países saiam da zona do euro. Isso não resolveria o problema da dívida deles, que se tornaria ainda impagável depois da desvalorização da nova moeda substituta do euro. O problema é o do cancelamento da dívida ou de sua adoção pelo banco central. A crise da dívida atingiu agora os países do centro da Europa, e será necessário que esses países tomem consciência da amplitude e da verdadeira natureza do problema.
Isso remete às características daquilo que nós chamamos a “terceira fase da crise”. Quais políticas serão adotadas face à nova recessão? Como será gerida a crise na Itália e, depois, na França? Como a Alemanha responderá à pressão dos “mercados” (as instituições financeiras internacionais)? Uma coisa é certa: essas dívidas não devem ser pagas, o que exige a transferência delas para fora dos bancos ou uma forte intervenção na sua gestão.
Agora, o ponto fundamental é a vontade dos governos dos países mais poderosos da Europa, notadamente a Alemanha, de reforçar a integração europeia (em vez de estourar a zona do euro), que se opõe à vontade de “desglobalização” de alguns. Esse debate oculta a questão central: qual Europa? Uma Europa das classes superiores ou a de um novo compromisso de esquerda?
Carta Maior
Matéria da Editoria:Internacional
21/12/2011
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
A privataria tucana, neoliberalismo e a falsa democracia
Por gentileza,
leia esta análise em meu blog e depois patrioticamente corra à cata do livro
Privataria Tucana.
É questão de consciência moral e de patriotismo.
Se
você amar um bocadinho a vida rebele-se!
Outro
dia me deste carona daqui do Setor Universitário até o Jardim Planalto, onde
está nossa Faculdade Delta. Nossa conversa transcorreu alegre graças a tua
enorme simpatia e carisma. Porém me surpreendi quando me contaste que nutres
simpatias pelo neoliberalismo e por seu surrado discurso a favor de mais
mercado e menos estado. Choco-me quando vejo trabalhadores, e és um deles que
administras uma grande obra da construção civil em Senador Canedo , se
dizem simpatizantes do neoliberalismo, principalmente quando ingenuamente
acreditam que o mercado seja capaz de atender as demandas sociais de um país.
Não
é capaz, André. Ele é fachada ideológica do malcheiroso mercado,
notadamente do sistema financeiro. É, por natureza, corrupto e concentrador de
rendas, de riquezas, de poder, de privilégios e excludente do povo e da
qualidade social de vida. É necessariamente mentiroso e manipulador. O mercado
não está nem aí para o desenvolvimento com riquezas para todos. Pelo contrário,
o que lhe importa é assaltar o povo, empobrecê-lo ao máximo, sem dó nem piedade
dos que sofrem com a miséria, com as doenças, com o desemprego com o objetivo
de concentrar riquezas e poder.
Pois
é, querido, agora cai uma bomba sobre a sociedade brasileira com a publicação
do anunciado livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr, intitulado “Privataria
Tucana”, publicado pela Geração Editorial, na coleção “História Agora”. Bomba
para os tucanos, para os “demos”, para a direita já tonta pelas derrotas que o
povo brasileiro lhe imprime desde 2002.
Pessoalmente
não vejo novidade no livro, mas percebo enorme mérito na sua publicação. As
provas que baseiam a pesquisa são contundentes e irrefutáveis. Não resta a
menor dúvida de que Fernando Henrique Cardoso, sua família, José Serra, seu
sócio e candidato a qualquer coisa que lhe dê poder, Daniel Dantas,
ex-banqueiro corrupto, aliás, como todos os banqueiros e bancos, os figurões do
PSDB e do “Democratas” e outros são escancarados à luz do meio dia como ladrões
que atuavam no favorecimento dos interesses multinacionais e do imperialismo
decadente. Eles também buscaram fortunas com as vendas do patrimônio público.
Todos eles dividiram propinas e se enriqueceram com a privataria indecente e
pornográfica.
Graças
à roubalheira promovida pelo bando que ocupou o poder com FHC mais de 50
milhões de brasileiros caíram na miséria, na pobreza e abaixo da linha da
miséria. Os problemas dos maus tratos das pessoas na saúde pública, com
esforços dos neoliberais para privatizar o SUS e tudo o mais, o rebaixamento da
qualidade do ensino público, principalmente nos primeiro e segundo graus, com
sucateamento das escolas e arrocho salarial dos professores e funcionários, a
corrupção e baixos salários da polícia expõe-nos à insegurança e à banalização
da vida, a superação dos equipamentos militares fragiliza a defesa da nação
brasileira em face de sabotadores e ladrões internacionais de nossas riquezas e
de nossa soberania etc são conseqüências da privataria traidora e desonesta dos
neoliberais e sua tropa de saqueadores.
Então,
meu amigo, onde está o mérito do neoliberalismo? Onde está a moral do mercado?
Em todo o mundo os neoliberais agem da mesma forma, nota o que fazem na Europa
e nos Estados Unidos nesse momento. Corre-se o risco de incendiar o mundo para
saciar a ganância dos banqueiros, até com a ameaça da ressurreição do
nazi-fascismo na Europa. O noticiário aqui do Brasil dá conta de que os bancos
lucraram 41% nesse último trimestre em relação ao mesmo período do ano passado
enquanto o PIB cresceu apenas 3%. Surrupiaram trinta e sete trilhões e dois
bilhões de reais até setembro desse ano da sociedade e ninguém faz nada para
impedir. Pelo contrário, os seus representantes no Banco Central prestam-lhe
prestimosos serviços na manutenção dos juros altos, arrancando muito dinheiro
que deveria ser investimento da sociedade para engordar os cofres dos ladrões
de alto estilo.
Esses
larápios se mantêm ativos na sociedade graças a uma confusão do que seja
democracia. Muitos equivocadamente entendem que democracia é a liberdade de
todos fazerem e dizerem o que bem entendem. Não é. Democracia é bem estar para
todos em termos de saúde, educação, segurança, cultura, transporte, trabalho,
renda, riquezas sociais, diversão etc, sob um estado forte que defenda a
soberania nacional e o desenvolvimento econômico com distribuição dos
resultados entre todos e não apenas para uma minoria privilegiada e egoísta.
Isso é tudo o que os neoliberais não querem.
Sinceramente,
André, eu não confio em neoliberal. Pessoalmente eles são traiçoeiros e
se acham donos da verdade e do mundo. São maus caráter e libertinos. Devemos
caçá-los em cada canto, pressionarmos a que se convertam ao social ou a
expulsá-los dos ambientes onde se colocam para prejudicar as pessoas e os
projetos sociais. O lugar deles é no escuro para ranger os dentes de suas
bochechas gordas. Defendo que os lugares e postos ocupados por eles devem ser
limpos de suas impuras presenças e atividades.
Graças
à consciência mundial que cresce, esses maus elementos põem as barbas de
molho. Nos Estados Unidos e na Europa os jovens, os trabalhadores e as mulheres
se levantam para espremer e expulsar esses larápios. Aqui o povo faz o mesmo,
ainda que a mídia colonizada tente esconder. Imagina as caras de FHC, de José
Serra, de Aécio Neves, de Daniel Dantas e tantos outros com a abertura desses
escândalos. Nas redes sociais na internet corre a informação de que José Serra
tentou comprar todos os volumes do livro de Amaury e tentou seqüestrá-los das
livrarias e bancas com o objetivo de impedir que os escândalos viessem a
público. Não conseguiu. Em entorno de 48h a primeira edição praticamente se
esgotou. Imagino também a cara do pastor gritão Silas Malafaia, que apoiou e
fez propaganda para José Serra como candidato a Presidência da República, em
troca de canal de TV, sua maior preocupação e sonho. Uma fonte segura me
informou que Malafaia pediu um canal de TV a então candidata Dilma em troca de
apoio e como Dilma negou-se a essa negociata o “bom” pastor se bandeou para o
lado de Serra, bem ao estilo neoliberal.
Então,
André, viva essa espremida que Amaury Ribeiro Jr dá nessa trinca. Basta de
roubalheira e traição nacional e ao povo. Brasil livre contra eles.
Abraços
com esperança de que te convertas. Assiste os vídeos abaixo. São comprovação do
que escrevo aqui e de arrepiar.
Dom Orvandil
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
A privataria tucana , de Amaury Ribeiro Jr : A mídia não sabe o que fazer !
Manual de justificativas pra velha mídia alegar por que deixou passar em
branco o livro do Amaury:
1. Pensei
que era tudo legal, por isso não demos naquele momento.
2. Faltou tempo.
3. Faltou espaço.
4. Faltou vergonha.
5. O FHC disse que tudo tinha sido bem feito e era pelo bem do Brasil.
6. Já tinha resenha do livro do FHC.
7. O Serra ligou e pediu pra não dar nada.
8. Achamos que ia ficar chato pra nós.
9. Achamos que as Veronicas iam ficar muito mal.
10. Não achamos que ia dar público.
11. Deixamos pra dar mais tarde.
12. Não gostamos de matérias sensacionalistas.
13. Já tinha saído na mídia alternativa.
14. Isso é trololó do PT.
15. Se privatização fosse ruim, o FHC não teria feito.
16. Nós somos empresas privadas, gostamos disso.
17. Nós apoiamos na hora, somos coerentes, não íamos mudar de ideia só porque nos provem o contrário.
18. Deu preguiça de ler aquele troço todo.
19. Já escondemos tanta coisa, uma a mais, uma a menos...
20. As empresas estão melhor (pra nós) na mão de capitais privados.
21. Ia ficar mal pra nós.
2. Faltou tempo.
3. Faltou espaço.
4. Faltou vergonha.
5. O FHC disse que tudo tinha sido bem feito e era pelo bem do Brasil.
6. Já tinha resenha do livro do FHC.
7. O Serra ligou e pediu pra não dar nada.
8. Achamos que ia ficar chato pra nós.
9. Achamos que as Veronicas iam ficar muito mal.
10. Não achamos que ia dar público.
11. Deixamos pra dar mais tarde.
12. Não gostamos de matérias sensacionalistas.
13. Já tinha saído na mídia alternativa.
14. Isso é trololó do PT.
15. Se privatização fosse ruim, o FHC não teria feito.
16. Nós somos empresas privadas, gostamos disso.
17. Nós apoiamos na hora, somos coerentes, não íamos mudar de ideia só porque nos provem o contrário.
18. Deu preguiça de ler aquele troço todo.
19. Já escondemos tanta coisa, uma a mais, uma a menos...
20. As empresas estão melhor (pra nós) na mão de capitais privados.
21. Ia ficar mal pra nós.
Postado
por Emir Sader
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Câncer de Lula regride e ex-presidente não fará cirurgia
A
equipe médica que trata o câncer do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva anunciou nesta segunda-feira (12) que seu tumor na laringe teve
redução de 75% após as duas primeiras sessões de quimioterapia.
Segundo o chefe da equipe do hospital Sírio-Libanês em São Paulo, Roberto Kalil Filho, o resultado foi surpreendente.
A redução afasta, neste momento, a possibilidade de uma cirurgia para remoção do tumor.
Lula receberá uma terceira sessão de quimioterapia e continuará o tratamento com radioterapia pelas próximas seis semanas.
Segundo a equipe médica, o resultado positivo já era esperado nos últimos dias, já que houve melhora significativa na voz do ex-presidente.
das agencias
Segundo a equipe médica, o resultado positivo já era esperado nos últimos dias, já que houve melhora significativa na voz do ex-presidente.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Como o livro do Amaury bota o Cerra em cana
BANDIDOS DE VERDADE ACOBERTADOS PELO P.I.G
O Gaspari de muitos chapéus vai se arrepender amargamente de ter inventado
esse maldito termo “privataria”.
Logo ele, o único a que, de verdade, o Padim Pade Cerra dá ouvidos.
Os dois trocam receitas de veneno, nas conversas madrugada adentro.
É que o livro que vai levar o Cerra à PF Hilton tem esse título:
“A Privataria Tucana”, de Amaury Ribeiro Júnior, lançado pela Geração Editorial e a que a Carta Capital primeiro teve acesso.
O livro oferece ao Zé (vejam por que os amigos de Dantas chamam o Ministro da Justiça, carinhosamente, de Zé) Cardozo, e, portanto, à ex-Republicana Polícia federal, e ao brindeiro Roberto Gurgel, o guardião da sociedade, a oportunidade ímpar de botar o Cerra na cadeia.
Ele e o que o Amaury chama de “clã Serra”.
Vamos por partes.
O Amaury prova exaustivamente, já que tudo o que diz se acompanha de documentos:
- o genro de Cerra é um lavador de dinheiro e seus bens estão indisponíveis;
- a filha de Cerra é uma lavadora de dinheiro e violadora de sigilos fiscais e bancários; e, por isso, está indiciada num processo;
- Cerra e seu sócio e cunhado Preciado (o Fernando Rodrigues perdeu a oportunidade de entrar para a História do Jornalismo Investigativo …) fizeram uma tramóia com um terreno no Morumbi;
- seu cunhado e sócio Preciado operava o Banespa e, mesmo falido, comprou uma empresa na privatização;
- outro sócio de Cerra, o Rioli lavou dinheiro e operou uma empresa falida, a Calfat com dinheiro público; por isso, mereceu de Amaury o epíteto “Mandrake das privatizações”.
- Cerra escondeu da Justiça Eleitoral suas operações comerciais com Rioli e Preciado;
- Ricardo Sergio de Oliveira, chefe da tesouraria das campanhas do Cerra E DO FERNANDO HENRIQUE é um “manual da roubalheira”.
Ricardo Sergio, também chamado de “Mr. Big” fez de tudo:
- lavou dinheiro para a filha e o genro do Cerra;
- recebeu propina da Carlos Jereissati, sócio de Sergio Andrade na trampa da BrOi;
- ajudou a montar a trampa da privatização do Daniel Dantas – é aquele momento Péricles de Atenas do Governo Cerra/FHC: “se der m… estamos todos no mesmo barco”.
(Depois Jereissati, desinteressadamente, contribui para a campanha do Cerra com um valor infinitamente menor do que aparece no livro do Amaury. )
Ricardo Sergio foi apresentado ao Cerra pelo Clovis Carvalho, que o Fernando Henrique queria fazer Ministro da Fazenda do Itamar, quando saiu do Governo para ser candidato.
(Quem disse isso ao ansioso blogueiro foi o próprio Farol, dentro de um avião da ponte aérea Nova York – Washington.)
Um dia, no restaurante Massimo, quando este ansioso blogueiro frequentava o Massimo e falava com o Gaspari, o ansioso blogueiro contou que o Ricardo Sergio o processava.
Mr. Big foi um dos pioneiros nessa lista que enobrece o ansioso blogueiro – clique aqui para ler sobre as 41 ações que movem contra ele e, não perca !, a “Galeria de Honra Daniel Dantas”.
Gaspari disse assim: vou falar com o Cerra para acabar com isso.
(Quem acabou foi a Justiça. O advogado Manoel Alceu Affonso Ferreira, defensor deste ansioso blogueiro, botou o Ricardo Sérgio para correr.)
Tem a lavagem de dinheiro de diamantes, operação que contou com o brilho do Ricardo Sergio.
Ricardo Sergio foi quem criou o “business plan” – mostra o Amaury – para as operações subsequentes do banqueiro condenado, Daniel Dantas – e do genro e filha do Cerra.
Lá está, em todas as tintas, o doleiro Messer, que conhece a alma tucana ainda melhor do que o Ciro Gomes.
Ricardo Sergio aparece de corpo inteiro ao receber propina para privatizar a Vale.
A Vale, aquela que, segundo o Fernando Henrique, foi vendida a preço de banana a pedido do Cerra.
- Um último item deste roteiro para levar o Cerra ao PF Hilton seria acompanhar os documentos que o Amaury publica sobre suas relações com a empresa de arapongagem e montagem de dossiês, a Fence.
A Fence foi trabalhar para o Governo de São Paulo, jestão Cerra, sem licitação …).
A Fence, do “Dr. Escuta”, trabalha para ao Cerra desde os bons tempos do Marcelo Lunus Itagiba no Ministério da Saúde, onde a Roseana Sarney foi devidamente defenestrada da campanha presidencial de 2002.
A Fence voltou ao Governo de São Paulo, como Cerra, no âmbito da Prodesp, a empresa de processamento de dados (sigilosos, do Estado de São Paulo).
Um escárnio.
Ficou lá, a trabalhar para os altos desígnios eleitorais do Cerra, até que o Geraldo Alckmin rompesse o contrato.
Só a Fence e o “Dr Escuta” davam uns dez anos de cadeia ao Cerra (os mesmos dez que o corajoso Juiz Fausto De Sanctis outorgou ao banqueiro condenado).
Se o Zé Cardozo e o brindeiro Gurgel quiserem trabalhar …
Muita gente achava que, se os discos rígidos fossem abertos, a República parava por dois anos.
Foi por essas e outras que a Douta Ministra Ellen Gracie, em boa hora substituída, estabeleceu notável Sumula Vinculante, que rege muitas decisões pelo país afora: Dantas não é Dantas, mas Dantas.
Muita gente achou que a Satiagraha ia sacudir o coreto dos tucanos.
E vai mesmo.
A I e a II.
Por isso, foi um Deus-nos-acuda e teve quem chamou o Presidente “às falas”.
O Amaury tranquilizou todo mundo.
Deixa os discos rígidos, adormecidos, sob as doutas nádegas do Ministro Eros Grau, que os sequestrou do Juiz De Sanctis.
A Satiagraha I daqui a pouco ressuscita, apesar do Dr Macabu.
Mas, antes disso, as vísceras tucanos vieram à mostra.
Zé e brindeiro: ao trabalho !
Paulo Henrique AmorimLogo ele, o único a que, de verdade, o Padim Pade Cerra dá ouvidos.
Os dois trocam receitas de veneno, nas conversas madrugada adentro.
É que o livro que vai levar o Cerra à PF Hilton tem esse título:
“A Privataria Tucana”, de Amaury Ribeiro Júnior, lançado pela Geração Editorial e a que a Carta Capital primeiro teve acesso.
O livro oferece ao Zé (vejam por que os amigos de Dantas chamam o Ministro da Justiça, carinhosamente, de Zé) Cardozo, e, portanto, à ex-Republicana Polícia federal, e ao brindeiro Roberto Gurgel, o guardião da sociedade, a oportunidade ímpar de botar o Cerra na cadeia.
Ele e o que o Amaury chama de “clã Serra”.
Vamos por partes.
O Amaury prova exaustivamente, já que tudo o que diz se acompanha de documentos:
- o genro de Cerra é um lavador de dinheiro e seus bens estão indisponíveis;
- a filha de Cerra é uma lavadora de dinheiro e violadora de sigilos fiscais e bancários; e, por isso, está indiciada num processo;
- Cerra e seu sócio e cunhado Preciado (o Fernando Rodrigues perdeu a oportunidade de entrar para a História do Jornalismo Investigativo …) fizeram uma tramóia com um terreno no Morumbi;
- seu cunhado e sócio Preciado operava o Banespa e, mesmo falido, comprou uma empresa na privatização;
- outro sócio de Cerra, o Rioli lavou dinheiro e operou uma empresa falida, a Calfat com dinheiro público; por isso, mereceu de Amaury o epíteto “Mandrake das privatizações”.
- Cerra escondeu da Justiça Eleitoral suas operações comerciais com Rioli e Preciado;
- Ricardo Sergio de Oliveira, chefe da tesouraria das campanhas do Cerra E DO FERNANDO HENRIQUE é um “manual da roubalheira”.
Ricardo Sergio, também chamado de “Mr. Big” fez de tudo:
- lavou dinheiro para a filha e o genro do Cerra;
- recebeu propina da Carlos Jereissati, sócio de Sergio Andrade na trampa da BrOi;
- ajudou a montar a trampa da privatização do Daniel Dantas – é aquele momento Péricles de Atenas do Governo Cerra/FHC: “se der m… estamos todos no mesmo barco”.
(Depois Jereissati, desinteressadamente, contribui para a campanha do Cerra com um valor infinitamente menor do que aparece no livro do Amaury. )
Ricardo Sergio foi apresentado ao Cerra pelo Clovis Carvalho, que o Fernando Henrique queria fazer Ministro da Fazenda do Itamar, quando saiu do Governo para ser candidato.
(Quem disse isso ao ansioso blogueiro foi o próprio Farol, dentro de um avião da ponte aérea Nova York – Washington.)
Um dia, no restaurante Massimo, quando este ansioso blogueiro frequentava o Massimo e falava com o Gaspari, o ansioso blogueiro contou que o Ricardo Sergio o processava.
Mr. Big foi um dos pioneiros nessa lista que enobrece o ansioso blogueiro – clique aqui para ler sobre as 41 ações que movem contra ele e, não perca !, a “Galeria de Honra Daniel Dantas”.
Gaspari disse assim: vou falar com o Cerra para acabar com isso.
(Quem acabou foi a Justiça. O advogado Manoel Alceu Affonso Ferreira, defensor deste ansioso blogueiro, botou o Ricardo Sérgio para correr.)
Tem a lavagem de dinheiro de diamantes, operação que contou com o brilho do Ricardo Sergio.
Ricardo Sergio foi quem criou o “business plan” – mostra o Amaury – para as operações subsequentes do banqueiro condenado, Daniel Dantas – e do genro e filha do Cerra.
Lá está, em todas as tintas, o doleiro Messer, que conhece a alma tucana ainda melhor do que o Ciro Gomes.
Ricardo Sergio aparece de corpo inteiro ao receber propina para privatizar a Vale.
A Vale, aquela que, segundo o Fernando Henrique, foi vendida a preço de banana a pedido do Cerra.
- Um último item deste roteiro para levar o Cerra ao PF Hilton seria acompanhar os documentos que o Amaury publica sobre suas relações com a empresa de arapongagem e montagem de dossiês, a Fence.
A Fence foi trabalhar para o Governo de São Paulo, jestão Cerra, sem licitação …).
A Fence, do “Dr. Escuta”, trabalha para ao Cerra desde os bons tempos do Marcelo Lunus Itagiba no Ministério da Saúde, onde a Roseana Sarney foi devidamente defenestrada da campanha presidencial de 2002.
A Fence voltou ao Governo de São Paulo, como Cerra, no âmbito da Prodesp, a empresa de processamento de dados (sigilosos, do Estado de São Paulo).
Um escárnio.
Ficou lá, a trabalhar para os altos desígnios eleitorais do Cerra, até que o Geraldo Alckmin rompesse o contrato.
Só a Fence e o “Dr Escuta” davam uns dez anos de cadeia ao Cerra (os mesmos dez que o corajoso Juiz Fausto De Sanctis outorgou ao banqueiro condenado).
Se o Zé Cardozo e o brindeiro Gurgel quiserem trabalhar …
Muita gente achava que, se os discos rígidos fossem abertos, a República parava por dois anos.
Foi por essas e outras que a Douta Ministra Ellen Gracie, em boa hora substituída, estabeleceu notável Sumula Vinculante, que rege muitas decisões pelo país afora: Dantas não é Dantas, mas Dantas.
Muita gente achou que a Satiagraha ia sacudir o coreto dos tucanos.
E vai mesmo.
A I e a II.
Por isso, foi um Deus-nos-acuda e teve quem chamou o Presidente “às falas”.
O Amaury tranquilizou todo mundo.
Deixa os discos rígidos, adormecidos, sob as doutas nádegas do Ministro Eros Grau, que os sequestrou do Juiz De Sanctis.
A Satiagraha I daqui a pouco ressuscita, apesar do Dr Macabu.
Mas, antes disso, as vísceras tucanos vieram à mostra.
Zé e brindeiro: ao trabalho !
FHC deve pagar pelos crimes que cometeu! Veja como o livro do Amaury leva o FHC para a cadeia
Como diz o Amaury Ribeiro Junior, no “Epílogo” de
“A Privataria Tucana”:
O presidente da Bolívia, Gonzalo Sánchez Lozada, que entregou até a água do país, fugiu para Miami aos gritos de “ assassino !”.
Fujimori, o campeão das privatizações peruanas, admitiu pagar propinas ou “briberization” – expressão do Joseph Stiglitz, que o Amaury gosta de usar – no valor de US$ 15 milhões.
Na Argentina, ninguém, mais fala “Menem”.
Quando é para se referir ao herói da privatização argentina, “el saqueo”, o presidente Carlos Menem, se diz “Mendéz”, para não dar azar.
Menem fugiu para o Chile atrás de uma starlet e voltou para a Argentina munido de um mandato de Senador, para não ir em cana.
Aqui, levam o Fernando Henrique a sério.
Cerra, Ministro do Planejamento, e o Farol de Alexandria presidiram à maior roubalheira das privatizações latino-americanas.
Não há o que se compare !
O Daniel Dantas lavou e deslavou dinheiro.
O Carlos Jereissati e Sergio Andrade compraram a Telemar com ajuda de uma “briberization” ao Ricardo Sérgio.
A Vale também teve “briberization”, ofertada ao mesmo chefe da Tesouraria das campanhas de Cerra e Fernando Henrique.
O Ricardo Sergio lavou, deslavou, cuidou da filha do Cerra e do genro do Cerra.
O Farol de Alexandria entra no diálogo com o André Lara Rezende a tramar um lance da privatização.
Entre o Ministério das Comunicações e o BNDES entrava consorcio por uma porta, saía outro pela outra, entrava a Previ por um lado, o dinheiro do Banco Brasil por outro, a Elena saía por uma porta, o Arida entrava pela outra – tudo no limite da “irresponsabilidade !”.
“Se der m …”
Com o Amaury, deu, amigo navegante !
Deu “m…”
Roubaram em todos os tempos e modos, diria o Vieira.
Segundo o Aloysio Biondi, que analisou o papel das “moedas podres” e dos empréstimos do Mendonção no BNDES, O BRASIL DO FHC E DO CERRA PAGOU, PAGOU PARA VENDER AS EMPRESAS ESTATAIS.
O Amaury cita o Bresser Pereira: “só um bobo dá a estrangeiros serviços públicos como as telefonias fixas e móveis”.
“Um bobo ou esperto”, ponderou o Amaury.
Espertíssimo !
O Delfim costuma dizer que o Cerra e o FHC “venderam o patrimônio e endividaram o país !”.
Dois jenios !
E espertos !
(Para dizer pouco !, não é isso Rioli, Preciado ?)
E o FHC com isso ?
Nada ?
Presidiu a roubalheira e não vai parar na Justiça ?
Todo mundo roubava e ele ali, a ler Max Weber …
A roubalheira no primeiro andar e ele na cobertura a tomar vinho francês.
O Fujimori na cadeia, o Sanchez Lozada em Miami, o Salinas escondido num bunker na cidade do México, o Mendéz refugiado no Senado, e o Farol de Alexandria no Roda Morta e a pregar a Moralidade !
Como é que é Zé (clique aqui para ler como os amigos do Dantas se referem ao Zé, com carinho e afeto) ?
E o brindeiro Gurgel: vai encarar o FHC ?
Ele não sabia de nada, brindeiro ?
O pau comia solto lá embaixo e ele ouvia Wagner !
Viva o Brasil !
(Só o Visconti …)
Por Paulo Henrique Amorim
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