Numa tarde de verão, num dos sábados da minha infância, quando tinha oito anos ou nove anos, fui lá no “seu Gucha”, e como fazia todos os sábado e domingo dia “inteiro”, e peguei “minha caixa de picolé”. Ela foi carregada e sai pelas ruas do Passo gritando: “ooooolhaaaaa ôôôô picolééééé”.
Passava eu pela Rua Cristólvo Colombo (após ter “chegado em casa” para tomar água), já andava pelas bandas da antiga “Esmaga Sapo”, quando um ex-picolezeiro, ao qual não lembro o nome, me abordou e mostrou-me um “apito de picolezeiro”, quase novinho.
Fiquei deslumbrado com aquele equipamento ao qual era meu sonho de consumo permanente, mas de difícil aquisição devida ser raros na época.
O ex-picolzeiro me ofereceu o “apito”, em troca de 5 picolés.
Imediatamente aceitei, pois como sempre, no mínimo vendia 20 picolés por dia e por certo naquele dia não seria diferente, mesmo restando somente meio-dia.
Paguei e sai dali oferecendo meus picolés de forma garbosa, estridente e altiva.
Estava orgulhoso. Tinha um “Apito de picolezeiro”. Estava equipado.
Poucos minutos depois caiu um “toró”, de verão que durou o restante da tarde.
Todo olhado, tive de ir a minha casa, onde, em baixo da minha cama (cama de abrir, com arames espirais horizontais que ligavam as laterais do lastro de ferro, que era sustentado por pernas também de ferro que rebatiam e facilitavam o transporte), eu mantinha minhas economias ganhas com a venda de picolés (o que ganhava trocava por moedas e colocava em um saco plástico vazio de 5 kg de açúcar Cristal).
Após pegar os valores necessários para pagar os cinco picolés, fui para o “seu Gucha”.
Lá entreguei os picolés não vendidos (todos menos os cinco do apito) e saldei a dívidas dos que entreguei “em troca”.
São Pedro não me ajudou com a venda naquele dia.
Mas foi na tarde daquele sábado que consegui meu apito de picolezeiro.
-interessante, também "pegava" dolé para vender.
ResponderExcluir- a sorveteria ficava relativamente distante da minha casa, e eu troquei também o "apito" com um amigo, por alguns dolés, porém caiu a "ficha"ao retornar, que não tinha vendido nada e nem possuia dinheiro, a solução foi colocar água de uma valeta que passava próximo à sorveteria, e informar ao dono que não consegui vender nada.