segunda-feira, 10 de outubro de 2011

São Borja, saudade da minha terra!

A vida nos prega peças

Sempre andei pelo mundo, falando garbosamente da terra que vinha.
Dizia que minha terra tinha o mais lindo pôr-do-sol que existia. Que lá atrás,  dos matos na costa de lá, o sol ia deitar-se para dormir e que no outro dia,  de manhã, acordava com toda a força para iluminar a humanidade.
Dizia que o rio Uruguai era o rio que fornecia água para os samborjenses, para as lavouras e com a sobra, abastecia o mundo!
Confidenciava que a água do meu rio era oriunda da fonte da juventude.
Contava que a minha terra era berço de Getúlio, Jango, e Aramburu e agora de Tarso. Dizia que se estes não “resolvessem”, eu estava na fila!
Que a  minha terra, era terra dos presidentes, das mulheres mais lindas e dos homens mais valentes. Contava os feitos da minha gente. Talvez exagerasse, mas, não era contestado por ninguém!
Dizia que morava na casa onde morou Francisco Miranda, e a todos contava quem ele foi e o que fez.
Afirmava que eu era de São Borja, e imediatamente convidava a quem por ali estivesse,  à conhecer minha terra, minha gente e nossa história!
Mas, a vida me foi madrasta.
 Me afastou de grande parte da família, de grande parte dos amig@s, de grande parte da minha gente e da minha terra!
Nesta cidade, não sei quem é meu vizinho de porta. O sol, vejo quando o procuro, e pássaros só nas gaiolas das lojas de animais. Tudo diferente, até terra para horta que fiz em vasos de flor na sacada do apartamento, tive dificuldade de encontrar para comprar!
O mais duro, foi aprender a conviver, quando falo da minha terra e dos meus, com a dor de aperto no peito, que sobe pela garganta, me tira a voz e faz verter água nos olhos!
Mesmo com esta saudade implacável, mesmo parecendo impossível, estou em paz e feliz!
Enganei a madrasta.
Hoje posso dar mais atenção à família. Foi, e está sendo muito compensador.
De lambuja, exerço uma função profissional ímpar, honrosa e importante para o povo Gaúcho.
Mas a saudade (esta palavra que só tem similar na nossa língua), é imensurável. Aliás, agora eu sei o que é saudade!
Aproveito neste dia, que é aniversário da minha São Borja, para escrever um pouco do que sinto neste exílio!
             Porto Alegre 10 de Outubro de 2011 (aniversário de São Borja)

  Abaixo está o link e a letra da Música “Hei, amigo” de João Chagas Leite que representa o conceito tupiniquim deste meu "desabafo":


Hei Amigo

Ei amigo, estou ligando pra gente tomar um mate
Eu tenho andado tão sozinho neste aparte
Me deu saudade de ouvir a tua voz...
Eu tenho andado meio perdido na ilusão desta cidade
Morrendo aos poucos cada dia de saudade
Por que a vida anda difícil por aqui.

Meu amigo
Prepara um mate e matem acesa a brasa
Pois hoje mesmo estou voltando para casa
Pra ter novo o que a vida me tomou.

Ei amigo há quanto tempo a gente anda tão distante
A nossa vida já não e mais como antes
A gente luta pra poder sobreviver...
O tempo passa e a gente acaba se tornando quase estranhos
Porem a vida não destrói os nossos sonhos
Por que amigo é ser irmão de coração, coração.

Um comentário:

  1. muito bom o seu poste!!! esta terra querida, anda sofrida com o abandono, espero que mais adiante possamos nos livrar dessa incomoda nuvem negra que assombra esse solo gentil. espero que possamos aos poucos melhorar e mudar a terra.

    ResponderExcluir