A vida nos prega peças
Sempre andei pelo mundo, falando garbosamente da terra que vinha.
Dizia que minha terra tinha o mais lindo pôr-do-sol que existia. Que lá atrás, dos matos na costa de lá, o sol ia deitar-se para dormir e que no outro dia, de manhã, acordava com toda a força para iluminar a humanidade.
Dizia que o rio Uruguai era o rio que fornecia água para os samborjenses, para as lavouras e com a sobra, abastecia o mundo!
Confidenciava que a água do meu rio era oriunda da fonte da juventude.
Contava que a minha terra era berço de Getúlio, Jango, e Aramburu e agora de Tarso. Dizia que se estes não “resolvessem”, eu estava na fila!
Que a minha terra, era terra dos presidentes, das mulheres mais lindas e dos homens mais valentes. Contava os feitos da minha gente. Talvez exagerasse, mas, não era contestado por ninguém!
Dizia que morava na casa onde morou Francisco Miranda, e a todos contava quem ele foi e o que fez.
Afirmava que eu era de São Borja, e imediatamente convidava a quem por ali estivesse, à conhecer minha terra, minha gente e nossa história!
Mas, a vida me foi madrasta.
Me afastou de grande parte da família, de grande parte dos amig@s, de grande parte da minha gente e da minha terra!
Nesta cidade, não sei quem é meu vizinho de porta. O sol, vejo quando o procuro, e pássaros só nas gaiolas das lojas de animais. Tudo diferente, até terra para horta que fiz em vasos de flor na sacada do apartamento, tive dificuldade de encontrar para comprar!
O mais duro, foi aprender a conviver, quando falo da minha terra e dos meus, com a dor de aperto no peito, que sobe pela garganta, me tira a voz e faz verter água nos olhos!
Mesmo com esta saudade implacável, mesmo parecendo impossível, estou em paz e feliz!
Enganei a madrasta.
De lambuja, exerço uma função profissional ímpar, honrosa e importante para o povo Gaúcho.
Mas a saudade (esta palavra que só tem similar na nossa língua), é imensurável. Aliás, agora eu sei o que é saudade!
Aproveito neste dia, que é aniversário da minha São Borja, para escrever um pouco do que sinto neste exílio!
Abaixo está o link e a letra da Música “Hei, amigo” de João Chagas Leite que representa o conceito tupiniquim deste meu "desabafo":
Hei Amigo
Ei amigo, estou ligando pra gente tomar um mate
Eu tenho andado tão sozinho neste aparte
Me deu saudade de ouvir a tua voz...
Eu tenho andado meio perdido na ilusão desta cidade
Morrendo aos poucos cada dia de saudade
Por que a vida anda difícil por aqui.
Eu tenho andado tão sozinho neste aparte
Me deu saudade de ouvir a tua voz...
Eu tenho andado meio perdido na ilusão desta cidade
Morrendo aos poucos cada dia de saudade
Por que a vida anda difícil por aqui.
Meu amigo
Prepara um mate e matem acesa a brasa
Pois hoje mesmo estou voltando para casa
Pra ter novo o que a vida me tomou.
Ei amigo há quanto tempo a gente anda tão distante
A nossa vida já não e mais como antes
A gente luta pra poder sobreviver...
O tempo passa e a gente acaba se tornando quase estranhos
Porem a vida não destrói os nossos sonhos
Por que amigo é ser irmão de coração, coração.
Prepara um mate e matem acesa a brasa
Pois hoje mesmo estou voltando para casa
Pra ter novo o que a vida me tomou.
Ei amigo há quanto tempo a gente anda tão distante
A nossa vida já não e mais como antes
A gente luta pra poder sobreviver...
O tempo passa e a gente acaba se tornando quase estranhos
Porem a vida não destrói os nossos sonhos
Por que amigo é ser irmão de coração, coração.
muito bom o seu poste!!! esta terra querida, anda sofrida com o abandono, espero que mais adiante possamos nos livrar dessa incomoda nuvem negra que assombra esse solo gentil. espero que possamos aos poucos melhorar e mudar a terra.
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