"Ontem"
arrisquei muito, troquei a “vaquinha” por grãos de feijões.
Chutei
a bola e correrei atrás.
Isso
fiz a vida toda, agora não poderia ser diferente.
É uma
chance que esperei.
Eu
tenho raiz de caráter da minha formação familiar, capacidade pessoal e ética
cristalizada herdada de meus pais e avós, aos quais deixarei para meus filhos e
os filhos de meus filhos.
Portanto,
Não me
dia que não dá!
JOÃO E O PÉ DE FEIJÃO!
JOÃO E O PÉ DE FEIJÃO!
"Há
muitos e muitos anos existiu uma viúva que tinha um filho chamado
João.
João
e a mãe eram muito pobres e, para se manterem, contavam apenas com uma
vaca, cujo leite vendiam na cidade.
Um dia,
porém, a vaca parou subitamente de dar leite, e a pobre mulher,
tendo perdido assim a fonte de seu sustento, ficou preocupada e sem saber
o que fazer.
João, de sua parte,
começou a procurar um emprego, com o qual pudesse ajudar a mãe.
Mas os dias foram passando sem que ele arranjasse coisa alguma para fazer. Assim,
a única solução que encontraram foi vender a vaca, pois o
dinheiro daria pelo menos para viverem por algum tempo.
João
logo se ofereceu para ir vender o animal na cidade, mas a mãe, achando
que ele não saberia negociar, a princípio não consentiu.
Entretanto, porque ela própria poderia sair de casa naquele dia,
não teve outro remédio senão concordar com a idéia.
Amarrou então uma corda no pescoço da vaca, para que
João não a perdesse e, depois de dar muitos conselhos ao filho,
deixou-o partir.
E lá
se foi João, com destino à cidade.
Quando estava no meio do caminho, encontrou
um vendedor ambulante que o cumprimentou muito simpático e
perguntou-lhe aonde estava indo com a vaca.
Assim que João contou que estava indo vendê-la
na cidade, o homem tirou do bolso um punhado de feijões, muito bonitos e
de cores e formatos variados, e mostrou-os ao menino, dizendo que
eles eram encantados.
João ficou deslumbrado com a beleza dos grãos
e, ao ouvir as palavras do vendedor, seus olhos brilharam de alegria. Morrendo
de vontade de possuir os feijões encantados, perguntou ao homem se ele
não gostaria de trocá-los pela vaca.
O vendedor concordou prontamente com a troca. E, horas
depois, João chegava em casa muito satisfeito, achando que havia feito
um excelente negócio.
A mãe o recebeu muito contente, mas, quando o menino
lhe mostrou o que havia conseguido em troca do animal, ficou furiosa e disse:
— Como, meu filho?! Você teve
coragem
de trocar a única coisa que possuíamos por
uma porcaria duns grãos de feijão?
de trocar a única coisa que possuíamos por
uma porcaria duns grãos de feijão?
E, quanto mais pensava na situação difícil
em que ela e o filho estavam agora, mais nervosa ficava. Até que, num
acesso de raiva, jogou os feijões pela janela, gritando:
— Veja, seu tolo! Veja para o que ser
vem seus grãos encantados: para jogar fora!
vem seus grãos encantados: para jogar fora!
O pobre menino, desconsolado, ficou olhando para a
mãe sem nada conseguir dizer. E, como castigo, naquela noite foi
mandado para a cama sem jantar.
Na manhã seguinte, ao acordar,
João ainda estava muito triste e não conseguia esquecer o
acontecimento do dia anterior. Estava deitado, tentando encontrar um jeito
de remediar o que havia feito, quando notou que havia alguma coisa impedindo o
sol de entrar pela janela. Levantou-se para espiar o que era e, espantado,
descobriu que os grãos de feijão não só haviam
brotado durante a noite, como também haviam crescido assustadoramente,
transformando-se numa planta enorme, que subia até o céu.
Admirado e feliz, o menino correu até o
quintal e, sem pensar duas vezes, começou a subir pelo pé de
feijão. Subiu, subiu e subiu; atravessou muitas camadas de nuvens macias
como flocos de algodão e, por fim, descobriu que a planta terminava
num estranho país, onde tudo parecia deserto.
Como queria saber onde estava, João resolveu andar
para ver se encontrava alguém por ali. Mas o lugar parecia completamente
desabitado, pois, mesmo andando horas em seguida, não viu
ninguém pelo caminho. Porém, quando já estava
escurecendo e o seu estômago até doía de fome, João
avistou um enorme castelo para onde se dirigiu. Encontrou na porta uma
mulher que pareceu muito assustada em vê-lo ali.
— O que você está
fazendo aqui, menino? — disse ela. — Não sabe que esse
castelo pertence
ao meu marido, um gigante muito mau, devorador de carne humana?
Ao ouvir isso, João sentiu as pernas
bambearem de medo. Mas, como a mulher lhe dissesse que o gigante estava fora,
caçando, e também como a fome e o cansaço não o deixassem
andar mais, pediu a ela que o abrigasse e escondesse até o dia
seguinte.
Embora fosse casada com um homem tão mau, a esposa do
gigante era uma pessoa muito bondosa. Assim, ficou com muita pena do menino e
levou-o para dentro do castelo, onde serviu-lhe uma mesa coberta de coisas deliciosas.
João, que estava morto de fome, comeu
tudo com tanto apetite e gosto que logo se esqueceu do perigo que estava
correndo. De repente, porém, ouviu-se um grande barulho na porta,
seguido de passos tão pesados que o castelo inteiro estremeceu.
— Oh, meu Deus! — disse a mulher, tremendo
como vara verde. — É o gigante, menino ! Ele não pode
encontrar você aqui senão vai devorar você e a mim
também!
Ao
vê-la tão assustada, João ficou paralisado de medo.
Mas a mulher o puxou rapidamente pela
mão, e mal teve tempo de escondê-lo dentro do forno,
antes que o gigante entrasse na cozinha, gritando com sua voz de
trovão:
— Mulher! Mulher, estou sentindo cheiro de
carne humana!
Um, dois e
três,
diga-me de uma vez:
onde
está esse abelhudo?
Vou
comê-lo com ossos e tudo!
Mais que
depressa, a mulher explicou que o cheiro de carne era dos franguinhos que ela
havia matado para o jantar.
João, que estava espiando por uma
frestinha do forno, ficou apavorado só de pensar no que aconteceria se o
gigante o encontrasse. Mas a bondosa mulher, que sabia que o marido era
muito comilão, apressou-se em servir a comida, antes que ele
começasse a procurar por todos os cantos da casa até encontrar
o pobre menino.
O
gigante sentou-se então à mesa e, para começar a refeição,
engoliu uma dúzia de frangos assados, com ossos e tudo. Com os olhos
arregalados, João assistiu à mulher trazendo para a mesa
pratos e mais pratos, que o gigante engolia rapidamente, sem nunca ficar
satisfeito.
Quando acabou finalmente sua refeição, o
comilão gritou para a mulher:
— Traga-me o dinheiro!
—
Está
bem! — respondeu ela, saindo da cozinha.
E, logo em seguida, voltava com dois sacos cheios de
moedas de ouro. Depois de ordenar que a
mulher fosse dormir, o gigante colocou os sacos de moedas sobre a mesa e
começou a contá-las, enquanto esperava o sono chegar.
Quando se cansou desse divertimento, guardou as moedas de
novo nos sacos e depois colocou-os no chão, perto de si. Só
que, por precaução, amarrou ao pé da mesa um cão de
guarda, e depois recostou-se na cadeira e pôs-se a dormir.
João, que a tudo assistia de seu esconderijo,
esperou que o gigante estivesse dormindo profundamente e, quando viu que
ele estava roncando como um trovão, saiu de mansinho do forno para
roubar o dinheiro. Entretanto, assim que pôs as mãos sobre os
sacos de moedas, o cão de guarda começou a latir feito louco e o
pobre menino, apavorado, julgou-se completamente perdido.
Acontece que o gigante tinha um sono pesado demais e os
latidos fizeram apenas com que ele se mexesse na cadeira, sem conseguir
acordá-lo.
Mais sossegado, o menino subiu na mesa da cozinha e, depois
de pegar um pedação de carne, jogou-o
ao cão, que abanou o rabo e ficou
em silêncio, deliciando-se com o petisco.
João pôde assim pegar o dinheiro e fugir dali.
Correu sem parar até alcançar o pé de feijão,
descendo habilmente até chegar ao quintal de casa.
Em seguida, chamou pela mãe e, depois de contar-lhe
toda a aventura, entregou-lhe os dois sacos de moedas.
Corri o dinheiro roubado do gigante, João e a
mãe passaram a levar uma vida de rei. Nada mais faltava na casa e eles
não precisavam mais temer a fome e a necessidade.
Mas o tempo foi passando e os sacos de moedas
começaram a ficar vazios. E João pensou, então, em voltar
ao castelo do gigante, para se apoderar de mais riquezas.
Contou sua vontade à mãe e ela,
com medo de que alguma coisa pudesse acontecer-lhe, proibiu-o de ir.
— Já pensou se o gigante agarrar
você? — disse ela. — E a mulher dele? Ela certamente o
reconhecerá e poderá entregá-lo ao marido!
Percebendo que a mãe não ia mesmo permitir,
João fingiu aceitar o que ela dizia. Mas, na primeira chance que teve,
saiu escondido e subiu novamente pelo pé de feijão, desta
vez muito bem disfarçado para que a mulher do gigante não o
reconhecesse.
Chegou assim mais uma vez ao estranho
país e, depois de caminhar até o anoitecer, avistou o castelo do
gigante, na porta do qual encontrou novamente a boa mulher.
— Menino! — disse ela, sem
reconhecer João. — O que você faz aqui? Não sabe que
esse castelo é do meu marido, um gigante muito mau, devorador de carne
humana?
João fingiu-se muito assustado, e pediu à
mulher que o escondesse até o dia seguinte, dizendo que não
conseguiria encontrar o caminho de casa no escuro.
— Ah, não! — respondeu ela.
— De jeito nenhum! Da última vez que fiz isso me arrependi
amargamente! Já dei abrigo a um menino como você e o
mal-agradecido fugiu, levando dois sacos de moedas de ouro do meu marido. Por
causa disso, quase fui devorada no lugar do malandrinho! E o gigante, desde
então, tem estado com um humor terrível, que eu sou obrigada a
suportar!
Mas João sabia ser convincente e pediu tantas vezes
que a boa mulher acabou concordando em escondê-lo. Assim, levou-o para dentro do castelo e deu-lhe de comer e de beber. E,
novamente, mal teve tempo de esconder João, desta vez dentro de um
quartinho de despejo, e o gigante já chegava, com seu andar
tão pesado que fazia o castelo estremecer. Dali a pouco, ele
já estava na cozinha, gritando com voz de trovão:
— Um,
dois e três.
Cheiro de
gente outra vez! Onde está esse abelhudo? Vou comê-lo com ossos e
tudo!
Enquanto dizia isso, o gigante procurava por
todos os cantos da casa.
João, que a tudo
assistia pela fechadura da porta, ficou morrendo de medo de ser encontrado.
Mas a bondosa mulher mais uma vez convenceu o marido de que não havia
ninguém na casa e, enchendo a mesa de comida, conseguiu
distraí-lo.
Novamente o gigante comeu até se fartar e depois
disse à mulher:
— Mulher,
traga-me a galinha!
Ela, como da outra vez, obedeceu às ordens e
saiu da cozinha, para voltar logo depois, trazendo uma galinha viva. O
gigante colocou a galinha sobre a mesa e, assim que a mulher se retirou,
ordenou:
— Bote!
E João viu, espantado, a galinha botar um ovo que
não era nem branco e nem igual aos das galinhas comuns, e sim de ouro,
ouro puro e maciço!
— Bote
outro! — ordenou o gigante.
E a galinha obedeceu. Assim aconteceu
sucessivamente, até que a mesa da cozinha ficou repleta de ovos de ouro,
bonitos e reluzentes.
De repente, o gigante se cansou de mandar a
galinha botar os ovos e, debruçando-se sobre a mesa, caiu, logo em
seguida, num sono profundo.
Quando ouviu o gigante roncando outra vez como
um trovão, João saiu em silêncio de seu esconderijo. E,
como desta vez não havia nem o cão de guarda para atrapalhar, foi
muito fácil agarrar a galinha e fugir correndo do castelo,
até chegar ao pé de feijão.
Logo que entrou em casa, João chamou a mãe e,
depois de lhe contar a sua aventura, entregou-lhe a galinha dos ovos de ouro.
Daquele dia em diante, nada mais lhes faltou,
pois, sempre que precisavam de alguma coisa, bastava ordenar à
galinha que botasse um ovo, e ela obedecia prontamente.
Mesmo sendo agora rico e feliz, João
voltou a ter vontade de subir outra vez ao castelo do gigante. Mas, sempre que
falava nisso, a mãe o repreendia tão severamente, que o menino
acabava adiando a viagem, sem entretanto desistir da idéia."
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