“Saio do governo para viver a vida das ruas”
Em um pronunciamento primoroso, que lembrou, de um lado, a carta de despedida de Getúlio Vargas e, de outro, o discurso de vitória de Barack Obama, Luiz Inácio Lula da Silva fez um balanço das conquistas de seu governo, apresentou suas despedidas como presidente da República e apontou os rumos futuros de um novo país.
Foram muitas as realizações nos oito anos de governo Lula, mas a que melhor sintetiza seus feitos foi a de promover o desenvolvimento econômico com inserção social. O país dobrou sua taxa média anual de crescimento, rompendo com uma estagnação econômica de mais de 20 anos. Ao mesmo tempo, 28 milhões de pessoas saíram da linha da pobreza e 36 milhões entraram para a classe média. Este processo aconteceu de forma pacífica, sem enfrentamento de classes, por meio da negociação e do diálogo, fato poucas vezes ocorrido na história mundial. A ação governamental se voltou para a ampliação significativa da rede de proteção social e, ao mesmo tempo, para a concessão de incentivos à produção e ao crédito, o que incentivou o crescimento econômico, gerou empregos e possibilitou o aumento de salários.
Mais do que uma celebração do passado e de seus feitos, o discurso de Lula foi uma aposta no futuro do Brasil e de sua gente. Falou de esperança, de ousadia e, sobretudo, de confiança: “Quando um país como o Brasil passa a acreditar em si mesmo nada, absolutamente nada, detém sua marcha inexorável para a vitória.”.
Nas palavras de Lula, “a transição de governo, do primeiro operário presidente para a primeira mulher presidente, será um marco para fazer do Brasil um dos países mais igualitários do mundo”. Este é um compromisso com o futuro e um desafio que fica lançado para a nova presidente.
Para que isto aconteça, o Brasil precisará reconstruir suas instituições políticas, desde as que agregam os interesses de partes da sociedade, como os partidos políticos, até e principalmente as que compõem o Estado, responsável pela constituição do bem-estar comum. Só quando estes espaços se tornarem efetivamente republicanos, colocando o bem-estar da maioria dos cidadãos acima de interesses individuais, o Brasil passará a integrar, de forma estável, o rol dos “países mais igualitários do mundo”.
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